Anatomia do joelho

O joelho é a maior articulação do corpo. E quando fazemos essa afirmação, já há uma pequena inconsistência nela… Isso porque, na prática, no joelho, há três articulações. Portanto, para explicar melhor o funcionamento de todo o conjunto, neste texto, vamos apresentar sucintamente a anatomia do joelho.

O joelho divide-se em duas articulações, a patelofemoral e a tibiofemoral, sendo que esta ainda se subdivide em outras duas: medial e lateral.

A tibiofemoral é a articulação em dobradiça, a que se movimenta ao longo de um eixo, realizando a flexão e extensão do joelho. Já a articulação patelofemoral é plana e potencializa a força dos músculos da parte anterior da coxa no movimento de extensão.

Em todo o conjunto articular do joelho há vários ligamentos. Em geral, eles são as estruturas lesionadas na prática esportiva, especialmente no futebol. Aqui na nossa pátria de chuteiras, estamos acostumados a acompanhar notícias sobre graves lesões de joelho. Para ficar num exemplo, para a Copa do Mundo de 2022, o lateral do Atlético Guilherme Arana – provavelmente o único representante do futebol mineiro a participar do Mundial – não pode ser convocado por causa de uma grave lesão multiligamentar: ele comprometeu os ligamentos cruzado posterior e colateral medial, além de romper o menisco medial e a cartilagem. Vamos entender um pouco melhor o que significa isso tudo na sequência deste texto.

 

Características das articulações do joelho

O joelho articula o fêmur, o osso mais comprido do corpo, à tíbia e à rótula. Conforme já dissemos, essa “grande articulação” divide-se em duas: a tibiofemoral e a patelofemoral.

A tibiofemoral articula os côndilos lateral e medial da extremidade distal do fêmur e o platô tibial. Se você não entendeu nada da última frase, calma que eu explico.

Côndilos são as projeções que ficam nas extremidades de alguns ossos. Os côndilos lateral e medial do fêmur localizam-se na sua “ponta de baixo”, a extremidade distal. Esféricos, de superfície lisa e convexa, os côndilos são separados pela fossa intercondilar, um sulco profundo.

Já o platô tibial é a extremidade de cima do osso, chamada de parte proximal da tíbia. O platô tibial também tem dois côndilos que também são nomeados de lateral e medial. Contudo, diferente dos côndilos do fêmur, os do platô tibial são bem mais planos. Entre eles há uma protuberância óssea conhecida como eminência intercondilar que se “encaixa” entre os côndilos do fêmur.

Como os côndilos da tíbia são planos e os do fêmur são esféricos, há pouca congruência entre eles. Para dar estabilidade ao movimento articular, além de absorver e distribuir força e impacto, estão entre os côndilos os meniscos.

Eles são duas estruturas fibrocartilaginosas identificadas de acordo com os côndilos que separam. O menisco lateral fica entre os côndilos laterais do fêmur e da tíbia e o medial entre os côndilos mediais dos ossos.

Já a articulação patelofemoral articula a superfície patelar do fêmur – um sulco na face anterior da parte de baixo do osso, que se estende até a fossa intercondilar – com a superfície posterior da patela.

É a conexão da patela com o quadríceps – maior músculo da coxa e do corpo – que mantém o osso no lugar. E vale lembrar, como falei aqui neste texto, que a patelofemoral potencializa os músculos da coxa. A patela funciona como braço de alavanca, aumentando a força de extensão do joelho.

 

Anatomia do joelho: ligamentos e outras estruturas

Por ser a maior e possivelmente a mais complexa articulação do corpo, é grande a quantidade de ligamentos no joelho. Eles servem, principalmente, para estabilizar todo o conjunto articular e manter os ossos alinhados.

Há diversos ligamentos no joelho. Eles se dividem em dois grandes grupos: os extra e os intracapsulares. Estes são os mais internos da articulação e reúnem dois ligamentos: os cruzados anterior e posterior. Dentre os extracapsulares os principais são o colateral medial e colateral lateral.

Além dos ossos, meniscos, ligamentos e cápsula articular, há outros elementos da anatomia do joelho que merecem ser mencionados: as bursas. Elas são pequenas bolsas cheias de líquido que servem para diminuir a pressão e o atrito entre estruturas vizinhas, sejam elas tendões, ligamentos e ossos.

Dentro das bursas encontra-se líquido sinovial e água. Essa composição forma um aspecto “gelatinoso” da bursa, que permite a absorção do impacto interno da articulação. Exatamente como funciona o gel de amortecimento de vários modelos de tênis esportivos.

Os ligamentos e as bursas são recorrentemente os motivadores de dores e incômodos nos joelhos. Por serem estruturas permanentemente exigidas, não é incomum que elas se desgastem naturalmente. Portanto, caso você esteja com dor persistente no joelho, faça contato com o ortopedista e agende uma análise clínica. Problemas ligamentares ou inflamações nas bursas, quando diagnosticadas rapidamente, tem muito mais chance de recuperação apenas com tratamentos conservadores.

Por ser um conjunto muito complexo, neste texto, optei por apresentar superficialmente as estruturas que compõem a anatomia do joelho. Dedicarei textos futuros a cada conjunto de estruturas, para que fique ainda mais claro o funcionamento dessa articulação tão exigida – e que, por isso, precisa de tanto cuidado!

Lucas F. Cruz | Ortopedista
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