Epicondilite lateral

No meio esportivo ou no senso comum é recorrente ouvirmos expressões, que se tornaram populares, para nomear uma lesão ou patologia do sistema musculoesquelético. Uma delas é a “tendinite de tenista”, nome que é dado à epicondilite lateral, uma alteração dos tendões que ficam na parte de fora do cotovelo, os que são responsáveis por esticar os punhos e os dedos.

Apesar de popularmente a alteração ser conhecida como “tendinite” e na Classificação Internacional de Doenças ela ser chamada de epicondilite – ou seja, duas palavras que terminam com o sufixo “ite”, que indica inflamação -, a epicondilite lateral não é uma inflamação.

A literatura médica ainda não conseguiu descrever toda a realidade fisiopatológica da epicondilite lateral. Atualmente sabe-se que é uma alteração nos tendões que provoca uma síndrome dolorosa na região do epicôndilo lateral.

Causas e sintomas

Por ter sua realidade fisiopatológica ainda incompleta, não são conhecidas todas as causas da epicondilite lateral. Entretanto, já se sabe que pessoas que repetem excessivamente o movimento de supinação do antebraço e de extensão dos punhos e dedos podem desenvolver a alteração.

Se o movimento de supinação do antebraço, além de ser muito repetido, é feito com excesso de impulso e vigor, a epicondilite lateral pode se desenvolver mais rápida e severamente. Colocar muita força na execução do movimento de supinação do antebraço é prática comum para alguns esportistas, profissionais e amadores. Sejam os que usam tacos, como os golfistas, ou raquetes, grupo que inclui os praticantes de tênis, badminton, tênis de mesa e a atual “sensação do momento”, o beach tennis. Por isso que a epicondilite lateral é uma lesão do esporte bem recorrente.

Ela também pode ser gerada por excesso de esforço laboral. Profissionais que precisam usar chave de fenda com frequência ou repetem a supinação do antebraço para outras atividades – abrir e fechar torneira, trocar lâmpada – também estão entre os mais propensos a desenvolver a alteração. Em outras palavras, profissionais como carpinteiro, pedreiro, eletricista e bombeiro hidráulico costumam ser “vítimas” da epicondilite lateral.

Ela também pode ser provocada pelo excesso de repetição dos movimentos de extensão dos punhos e dedos. Por isso não é tão incomum diagnosticar a alteração em profissionais que utilizam muito o mouse e o teclado.

A literatura médica também relata diversos casos de epicondilite lateral em pacientes sedentários. Portanto, tanto o excesso de repetições da supinação do antebraço quanto a falta quase total de execução desse movimento podem gerar a alteração.

O principal sintoma da epicondilite lateral é a dor na região do cotovelo. É comum que perceba-se a dor irradiando ao longo dos músculos extensores, os do antebraço.

Alguns pacientes também queixam fraqueza na execução de movimentos que exigem dos músculos extensores como o de segurar um recipiente – copo, jarra – ou o de abrir uma garrafa com tampa de rosca.

Epicondilite lateral: diagnóstico, prevenção e tratamento

Boa parte dos casos de epicondilite lateral são diagnosticadas clinicamente. O ortopedista analisará o paciente no consultório, procedendo com um exame físico e obviamente levando em conta o histórico clínico do paciente.

Casos um pouco mais complexos podem exigir exames complementares. Com radiografias, o ortopedista conseguirá avaliar deformidades ou calcificações no epicôndilo lateral. Se for necessário avaliar os tendões, o ortopedista poderá solicitar uma ultrassonografia ou uma ressonância magnética.

A melhor forma de prevenir a epicondilite lateral é fazendo atividade física bem orientada e com boa periodicidade. Para evitar a popularmente conhecida “tendinite do tenista”, devem ser preferidas atividades físicas que não demandam impulso e vigor do movimento de supinação do antebraço como natação ou musculação. Esta, no entanto, deve ser realizada com orientação e acompanhamento de um profissional de educação física, uma vez que a má postura ou execução de determinados movimentos podem ajudar a provocar ou agravar a alteração.

A enorme maioria dos pacientes com epicondilite lateral recuperam sua condição de movimento, sem dor, por meio de tratamentos conservadores. Inicialmente recomenda-se restrição do movimento de supinação do antebraço ou de extensão de punhos e dedos, repouso e aplicação de gelo. Se a dor for muito intensa, o ortopedista pode recomendar analgésicos – lembrando sempre que nenhum medicamento deve ser administrado sem consultá-lo previamente.

Outra modalidade de tratamento com excelentes resultados é a terapia de onda de choque. Com ela, busca-se regenerar o tecido do tendão.

Caso os sintomas perdurem por mais tempo, podem ser necessárias sessões de fisioterapia. o ortopedista avaliará o caso do paciente e o encaminhará para os procedimentos com a fisioterapeuta.

Apenas casos mais complexos exigem tratamentos invasivos, como infiltrações e cirurgias. As infiltrações poderão ser realizadas no próprio consultório. Só os quadros bem graves de epicondilite lateral exigirão cirurgia.

Caso você esteja com dor, sensibilidade ou fraqueza no cotovelo, antebraço, punho ou dedos, faça contato com o ortopedista. Se você tiver desenvolvido epicondilite lateral, quanto mais rapidamente o diagnóstico for feito, maiores são as chances de recuperação total da força e dos movimentos apenas com tratamentos conservadores.

Lucas F. Cruz | Ortopedista
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